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Monólogo

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Tenho medo, medo de voltar e não te ver. Medo de te ver, mas não ser visto. Pior ainda: não ser sequer notado. Medo... Me bate um desespero. Um desespero calado e angustiado de não poder dizer nada, porque nunca houve nada, apenas olhares fugitivos. E não dá pra fugir do sentimento sem perda de identidade. Medo, estou com medo. Medo de nunca mais te ver e saber que te amo loucamente. Ou pior ainda, que inventei este sentir e ainda nada senti por ninguém, recaindo em ti minha expectação, minha invenção. Tenho medo de voltar e saber que nunca estive lá. Talvez, eu ainda não tenha nascido e ainda não possa saber o que é existir e o que penso seja só imitação. Mas, e o que sinto? Certo é que sinto algo, mesmo que seja incerto. Inseguro...talvez, esta insegurança seja só uma armadilha, parte de um show que se quer esconder, que eu quero esconder, ainda que seja possível apenas aparentemente. E não mostrar, de jeito algum. O show de esconder, show de inventar. Imaginar, para aproximar o viver do sentir, o ser do existir. Para afastar-me de uma temida monotonia.
Voltar. Pra onde mesmo? Onde foi que eu comecei? Tenho eu que caminhar de trás pra frente e refazer o percurso, refletindo sobre cada passo dado? E me pergunto sobre o que fiz com minhas pernas, principalmente as da alma.
Tenho medo de ser feliz de um modo que todos digam ser impossível. Na verdade (em alguma verdade), acho que esse medo também não existe. Seja só mais um modo de me fazer menos diferente. Se é que sou diferente.
Há situações em que nos damos ao direito de agir e reagir igual aos demais e nisto podemos não ser nós mesmos. Deste modo, representamos a extensão dos outros, e estes nada mais são do que o mesmo outro ser histórico que se formou com o tempo na sociedade.
O outro do qual poucos se atrevem a fugir, refletir, debater. O outro tão somente igual, tão normal.
Liberto pela normalidade, escravo da normalidade.
 

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