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DIÁRIO DE UMA NOVA TERRA, PARTE 1 - DE ZEUS AO HOMEM VOADOR

sexta-feira, 15 de junho de 2007

DIÁRIO DE UMA NOVA TERRA, PARTE 1 - DE ZEUS AO HOMEM VOADOR

Em um futuro distante, vive-se pacificamente na Terra. As nações caminharam para um único governo, que aboliu paulatinamente as diferenças de classes e distribuiu com justiça e equidade as riquezas do planeta. As doenças foram todas eliminadas. Ninguém mais adoecia ou nascia com disfunções físicas de qualquer espécie.
As diferentes etnias co-habitavam e coexistiam com harmonia e respeito. Houve um processo educacional de conscientização de cada ser humano do seu próprio valor. A humanidade maravilhada se entregava de corpo e alma, empenhando-se para avançar contínua e crescentemente no projeto de melhorias do planeta em nível social e humano.
Alcançou-se um padrão de riqueza jamais sonhado. Educação, saúde, alimentação, transportes, lazer, política, ciências, tecnologia, nunca se experimentou tanto progresso em uma revolução nunca antes sonhada.
Os robôs faziam praticamente todas as tarefas braçais e que exigiam sacrifício humano. Restaram aos homens atividades intelectuais e serviços que não exigiam muito da mente e do corpo humano. O trunfo de toda esta glória foi a criação de um chip eletrônico microscópico que passou a ser implantado no cérebro dos recém-nascidos e que auxiliavam no seu processo de aperfeiçoamento. O chip foi batizado de Zeus. O implante era feito secretamente. Em pouco tempo, os seres humanos com o chip implantado já eram maioria, até que as gerações anteriores ao chip desapareceram naturalmente com a morte.
Além do aumento impressionante do QI, Zeus coordenava todas as funções físicas e cerebrais, inclusive monitorando o corpo e destruindo microorganismos nocivos. Uma das funções mais audaciosas do chip foi o controle ético da mente, tornando possível a aniquilação dos processos denominados de loucuras. Loucura era tudo o que dificultava o relacionamento do indivíduo consigo mesmo e com os outros indivíduos.
Uma das grandes vantagens de Zeus foi a eliminação do envelhecimento das células. Agora, todos podiam viver mais e melhor. Não havia mais a velhice, com suas fraquezas, debilidades, e decadência estética. A prova mais cabal da eficiência de Zeus foi o aumento significativo da expectativa de vida, desta vez sem uma primeira possibilidade de cálculo, posto que, após mais de 500 anos, os novos seres humanos ainda não haviam morrido. A vida sexual ativa também não encontrava limite.
A humanidade estava feliz com estes avanços, contudo queria mais. Muito mais. Os cientistas não poupavam esforços para encontrar meios de aumentar a força muscular e a resistência do corpo e da pele aos agentes físicos. As pesquisas logravam êxitos incríveis: foram criadas novas tonalidades de cabelo, de pele, de cor dos lábios, dos olhos, dos pêlos do corpo. A força muscular foi quadruplicada com melhorias na estrutura física e óssea que possibilitaram um aumento espantoso da velocidade.
Um dos grandes palcos para exibição desta sublimação estético-funcional eram os jogos olímpicos. Embora, com um único governo, foram preservadas as identidades nacionais do planeta. Assim, cada país enviava seus respectivos atletas e as competições eram duríssimas, com demonstrações de técnica, velocidade e força que levava o público ao delírio.
No controle de todos os chips estava um super-computador autônomo, também chamado Zeus. Contudo, a humanidade não estava ciente de sua existência. Zeus lapidou dia após dia a mente humana, conseguindo eliminar de cada indivíduo sentimentos negativos, como depressão, inveja, roubo, assassinato, perversões sexuais e sociais. Zeus tinha controle absoluto da mente e do comportamento de todas as pessoas. Ele era praticamente onisciente, pois estava ativamente presente em cada cérebro humano.
Nenhum pensamento, nenhum sentimento, nenhum planejamento, idéia, nada escapava ao seu conhecimento e domínio, antes o próprio Zeus coordenava as ações pessoais, preservando características individuais e coletivas, segundo parâmetros estabelecidos desde o seu planejamento. Assim, Zeus se reproduzia em cada pessoa, tornando cada ser humano um reflexo de sua própria identidade.
Todos viviam felizes. Os nascimentos foram pouco a pouco reduzidos até se chegar a um patamar previamente definido. A taxa de natalidade era controlada consciente e voluntariamente por toda a população mundial. As religiões e demonstrações de fé, de crença em coisas invisíveis, foram apagadas do imaginário humano. Em pouco tempo, a religião virou uma página virada da História. Não havia mais necessidade de crer em algo maior como fonte de eternidade, felicidade, superação de problemas pessoais e físicos.
A sede do governo ficava um ano em cada país, como forma de demonstrar a sua universalidade. O governo era representado por um membro de cada nação e todos tinham igual representatividade. O governo mundial se reunia semanalmente no Conselho de Liderança Mundial (CLM). Um dos grandes projetos do CLM foi a produção de estruturas físicas (corpos humanos) com resistência ao fogo, ao frio extremo e com possibilidade expansão de novos membros no corpo.
Voar sempre representou um sonho e ideal humano, baseado neste ideal, o CLM projetou, aliando células humanas e animais, especificamente de águias, um conjunto de asas capazes de ser naturalmente desenvolvidas no corpo humano.
Os primeiros seres humanos voadores foram anunciados e exibidos para todo o mundo. Eles saltaram do Himalaia e voaram centenas de quilômetros até pousarem no solo. O inconveniente é que as primeiras asas pesavam e dificultavam a vida social dos homens voadores.
Em questão de vinte anos, o CLM conseguiu desenvolver um novo projeto de asas, baseado nas células 21567 (número do projeto do CLM que dava nome aos novos benefícios). Agora, as células humanas possuíam imunidade à dor e tinham capacidade de se multiplicar, dividir, aumentando o tamanho do corpo proporcionalmente à necessidade biótica do momento. Assim, as novas asas apareciam e desapareciam conforme a vontade do homem-voador.
O CLM não pretendia ver limites para os seus experimentos e benefícios ao corpo e à sociedade humana. Seu mais audacioso projeto agora pretendia dar alguma inteligência humana aos animais. Zeus queria o domínio absoluto do planeta e queria todos os seres interligados nele.
 

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