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LEVA-ME

segunda-feira, 29 de outubro de 2007


Joan Castejon - ICAR-VALENT

Procurei e achei
Perdi o sol que alegrou os gramados verdes e extensos,
A água de uma fonte trovejante,
O instante único, irrepetível na forma e no sentido,
Perdi o ônibus, a carona, a carroça, o camelo, o vento, o córrego,
Tudo que pudesse levar-me
Perdi o tapete voador e não avisto mais mil e uma noites
Não vejo a noite, só o escuro
Nem a lua, só a ponta de uma faca

Procurei e achei
Perdi você
O cometa que leva anos e décadas
E só passa visivelmente de séculos em séculos
Passaria certamente nestes dias
E eu perdi
Perdi o cometa tão esperado
Que não passará mais nesta vida tão curta
Só ficou um vaga-lume na minha memória

Sei onde você está e nunca vou estar lá
Sei como me aproximar
E sempre estarei longe
Sei como gritar
E sempre estarei em silêncio
Passaremos perto e não nos falaremos
Nunca nos conhecemos...nunca fui tão eu mesmo

Eu me perdi entre os pássaros velozes
Não acompanhei o seu vôo
Eu me perdi com bússola, mapa, treinamento,
A mata fechada do viver engoliu tudo
Eu me perdi no meio das gotas milenares do vasto Pacífico
Eu me perdi

Eu me perdi no meio das páginas de auto-ajuda
De como ser mais e melhor
Como fazer o mais perfeito
Como contornar o incontornável
Como ser feliz na infelicidade
Como amar sem nunca sem ser amado

Nada disto me levou, me carregou

Tudo o que pudesse me levar
Pra um lugar desconhecido
Tudo o que puder me carregar
Carregar meu coração dolorido ao socorro
Tudo, tudo pra me levar
De volta ao não-lugar, ao não-tempo, ao não-razão
Não-mundo

Nem vida nem morte nem fantasia

Estarei lá...
 

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