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Omnia vincit amor (O amor tudo vence)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Essa passagem com explicações sobre a famosa expressão latina "omnia vincit amor (o amor tudo vence) foi extraída do Dicionário de Sentenças Latinas e Gregas, de Renzo Tosi, 2ª edição, publicado pela Editora Martins Fontes, São Paulo, no ano 2000.

"1412. Omnia vincit amor
O amor tudo vence
Essa famosa expressão é extraída de Virgílio (Bucólicas, 10,69: Omnia vincit amor et nos cedamus amori) e já na Antiguidade era considerada - como informa Macróbio (Saturnalia, 5,16,7) - máxima autônoma e como tal citada (por exemplo, nos escólios bernenses a Lucano, 3,402, por Nônio [446,6; 526,34] e em vários textos medievais, para os quais remeto a Sutphen 129); é retomada textualmente no V. 437 de Ciris do Pseudo-Virgílio e em diversas sentenças medievais, como Walther 20099, que, no entanto, se conclui com sed numus vincit amorem, "mas o dinheiro vence o amor"; outra variação é Femineus duleis omnia vincit amor, "o doce amor feminino tudo vence" (Walther 9317a, cf. também 12345,2). É muito difundido o motivo segundo o qual nada é difícil para quem ama (é preciso também lembrar que, para os latinos, o verbo amare também dizia respeito às relações afetivas em geral, e em especial à amizade); ver, além de muitos trechos medievais mencionados por Sonny 94 S. e por Sutphen 129, Cícero (Orator, 10,33), São Jerônimo (Ep. 22,40) e sobretudo um trecho de Epistulae ad familiares de Cícero (3,9,1), onde o amor aliado ao studium e à benevolentia é um dos comportamentos para os quais não existem impossibilidades. Lembro que Amor tenet omnia é título de um dos Carmina Burana; nas literaturas modernas, a onipotência do amor constitui topos freqüente: ct., por exemplo, Shakespeare, As alegres comadres de Windsor, 5,5, dois belos versos de Emily Dickinson (That love is all there is / is all we know of lave); finalmente, recordo também a referência no recente filme de Terry Gilliam, Fisher King [O pescador de ilusões]; em todas as modernas línguas européias também é registrado como proverbial o equivalente da sentença latina (cf. Arthaber 81: em italiano existe Tutto vince amor) e entre as variantes dignas de nota estão a inglesa Love makes his kingdom without a sword e a alemã Lust und Liebe zum Dinge macht alle Arbeit geringe; no Brasil se diz "O amor não tem lei". Nos vários dialetos italianos registra-se o equivalente a Chi soffre per amor non sente pene [quem sofre por amor não tem desgosto] (ct. Zeppini Bolelli 9); para o topos da dificuldade de os non amantes fazerem algo, ou seja, aqueles a quem não agrada fazer, ct. nº 887.

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