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Você não faz nada pra se ajudar?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Perguntar pra si mesmo "Você não faz nada pra se ajudar?" é muito diferente de "O que posso fazer para me ajudar?". Na primeira, alguém enfrenta problemas, questionamentos e situações difíceis, mas parece não usar a cabeça, o pensamento para encontrar uma saída e persistir no objetivo de conquistar suas próprias vitórias. Com uma agravante: se preocupa, se abate, resmunga, se queixa da vida, da sorte, das pessoas, da família. Chega a se dar o direito de viver imerso em tristeza e se sentir abandonado, porque talvez até espera que a ajuda venha de fora, dos pais, parentes, amigos, conhecidos do trabalho, de Deus.
Uma pessoa que age assim se torna seu maior oponente. Não pode culpar anjos, homens e demônios, nem suspeitar de maldições, falta de conhecimento e feitiçarias, pois seu pior inimigo é ele mesmo. Ele, pois despreza a capacidade de pensar, de usar as mãos, de usar os olhos, a mente. Não toma uma atitude. Ele cria para si mesmo uma síndrome de inutilidade e parece querer receber ajuda da ONU, tendo campos que podem ser cultivados, tendo grãos no celeiro que podem germinar. De propósito, ignora as chuvas que caem , as quais, para ele, são apenas pingos d'água que molham o chão e lhe dão ainda maior vontade de dormir.
Dormir para não ver o seu morrer, dormir para morrer. Dormir para não ver a vida, sua vida.
Até sabe, pelo menos, como começar a agir e em que consiste esse agir, mas os pés, as mãos, a vontade não se movem. Quer dizer, esse alguém em nada se ajuda no que ele conhece como seu problema ou situação que lhe entristece e dificulta a vida.
No segundo caso, eu imagino que ajudar-se é um processo contínuo, pois manter o equilíbrio da saúde física e mental e um nível confortável (ou o menos desconfortável possível) de qualidade de vida exige sacrifícios e combate constantes.
É possível enxergar nesses dois questionamento dois tipos de diálogos comigo mesmo: no primeiro é um outro que me questiona; no segundo, sou eu mesmo. No primeiro, já me coloco como outro alguém e uso da minha possibilidade de ser racional, de ser um outro que, por alguma razão, veja, conheça e tem capacidade de medir meus problemas, de até me motivar. Puxa! Por que este outro forte, enérgico, que ainda procura ficar de pé, que está em mim não pode ser eu mesmo?
No segundo caso, eu falo comigo mesmo, tenho consciência de mim, do que quero, do que posso, falo de mim pra mim mesmo. Sou meu fofoqueiro, meu espião social. Assumo minha condição de ser eu mesmo meu condutor, dono de minhas ações. Já não me coloco como um outro que me assiste, julga e tenta ajudar. Sou eu mesmo intensamente, me vivendo, me experimentando, me afirmando.
Isso não é nenhuma teoria, nem me baseio em qualquer tipo de conhecimento científico. Fico só tentando entender essas posturas de um jeito bem pessoal, talvez muito distante do que seja verdadeiro ou reconhecido socialmente como verdadeiro, ou que tenha status quo de verdade.
Talvez num seja nada disso! Tanto faz que seja eu como outro ou eu como eu mesmo que me pergunte. Ambos sejam eu simplesmente. Ser outro ou outros ou ainda muitos outros em mim mesmo talvez seja necessário. Talvez não seja necessário entender.
Fico tão perdido quando penso sobre isso. Nem sei por quê ou pra que fui escrever sobre algo que não domino? É possível ver que essa postura de "fuga do próprio eu" já me tenha trazido uma idéia de culpa e toda narrativa e juízo que descrevem alguém que foge de algo necessário e natural: medo, receio, falta de firmeza, de atitude. Porque o que se proclama e se defenda é: Seja você mesmo! Isso é o natural e necessário.
Para todas as crises de identidade, de vida, de ação, de conduta, só uma palavra de Jesus: "Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo!". Parece representar um imenso sofrimento essa negação que é total e daquilo que mais nos resume: nosso próprio eu, seja ele qual for. Enquanto o mundo diz: "Seja você mesmo!" Jesus diz: "negue-se a si mesmo!". De certo modo, pode-entender que no próprio eu existe algo que nos impede de seguir a Jesus. Se Jesus é a verdade, o caminho e a vida, pode-se dizer que existe algo no eu que impede que eu veja, viva, entenda a verdade, que eu siga o caminho, que eu experimente, entenda, desfrute e tenha a vida.
Meu Deus! Por que fui falar sobre isso?
Há milhares de verdades conhecidas, entre essas, uma deve incomodar, mas não creio que o suficiente para causar terror e medo de viver: a existência de um ponto comum em todas as fases da vida, esse ponto se resume em problemas. A forma de pensar e agir para solucioná-los explica em muito a nossa vontade de viver e ser feliz.



Observação: preciso estudar sobre isso! Saber o que outros já pensaram! Não pretendi dar resposta de nada! Como sou tremendamente desorganizado, algumas coisas prefiro registrar aqui. É público, eu sei. Ninguém é obrigado a ler, concordar, discordar.
Tem horas que é melhor tentar esquecer todos esses questionamentos e mergulhar em cachoeiras, saltar nos campos, corres nos parques, se divertir com os amigos, ou adotar respostas já prontas como se fossem nossas e defendê-las por segurança própria.
Respirar!
 

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