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O meu ser feliz hoje

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Imagem: Meu Olho
Autor: Jackson Angelo

Talvez neste instante o meu ser feliz não possa ser um braço, porque perdi ambos em um acidente. Mas podem ser as soluções que encontrei pra não ser infeliz, não me sentir limitado e cortado da vida, do amor, da família, da minha fé, do que tenho por valioso e generoso da existência para comigo.
E mesmo não tendo as mãos, pude semear flores de sorrisos nas pessoas com quem tratei.
Talvez, hoje, o meu ser feliz não seja acabar com a fome no planeta, mas ter eu ajudado os que pude ajudar, sem nenhum tipo de mesquinheza, apenas por saber que o bem praticado encheu de alegria o meu coração.
Talvez o meu ser feliz nestes dias não seja minha saúde, seja conhecer pessoas que como eu travam imensas batalhas para continuar vivendo e estar próximos de quem amo.
O meu ser feliz hoje não é um vestido novo, não é uma casa nova, não é Tóquio,nem Paris, mas onde vivo e sempre piso com meus pés, uma terra que até aqui me amamenta, por onde ventilam os ares que assanham meus cabelos.
São aqueles que me dão refrigério.
Os lados ocultos do viver, que os sofredores por muito sofrer, só eles conhecem. Os significados e valores que a tristeza nos faz compreender melhor.
E até a esperança ganha outro sentido, talvez seu sentido mais profundo.
Talvez o meu ser feliz não seja estar eternamente com meus pais, meus amigos, eu sei que todos passaremos, mas existir com toda alegria enquanto posso estar ao lado deles, resistindo às tentações da indiferença, aos problemas de relacionamento e de compreensão. Colocar os olhos bem acima das tempestades.
Hoje, o meu ser feliz não foi ir à festa que a sociedade inteira acompanha pela TV, nos noticiários, no mundo do estrelato, da fama, do glamour e do esplendor... Foi o estar bem juntinho de vocês desarrumados, alguns cansados, outros enérgicos, uns quase com sono, e seguro fico eu por saber que vocês sempre estão comigo.
Foi o ouvir tantas vezes a batida de metal e o cheiro das panelas anunciando a comida caseira.
Foi o cachorro latindo e balançando o rabinho alegre pela minha chegada, apesar de que acho que nunca fiz nada especial por ele.
Foi a criança chorando querendo minha atenção.
As contas que chegaram e a luta pra não ter os bolsos assaltados por dívidas e juros dos cartões.
O meu ser feliz, hoje, pode ser a mesmice de sempre. Mas, principalmente, ter mantido minha dignidade e ter defendido com alegria meus ideais, até o direito de ser preguiçoso em alguns dias... motivado, apesar de tantas vezes querer fugir de tudo pra sempre.
(Jackson Angelo)
 

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