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Eu sou o meu deus

sábado, 15 de agosto de 2009

Existe um egoísmo terrível que é ser insensível quanto ao sofrimento alheio, insensível quanto à dor alheia.
É possível olhar para alguém e só enxergar que ela tem defeitos, pobrezas ou riquezas, porém não se medir o que pode ser feito em relação a ela ou atribuir essa responsabilidade a outro, um outro que sabemos que pode até nunca fazer nada.
Imagine se esperarmos tudo dos governos desse mundo? E do nosso governo? Então, se importar com o outro é um gesto nobre, porque aquele ser poderia ser a gente mesmo.
Por que digo que isso é egoísmo? Porque um coração assim está voltado unicamente pra si mesmo, e o amor de Deus implica amar as pessoas, enxergar suas necessidades de carinho, atenção, amizade. Ainda que não se creia em Deus, mas será ao difícil enxergar isso: que existem milhares de pessoas nesse mundo precisando de pessoas compromissadas com causas nobres?
O que eu posso fazer para melhorar o mundo? Tanta coisa!
Há gente nos hospitais precisando de remédio, de roupas. Há gente nas favelas, embaixo da ponte. Pode ter gente da nossa família precisando de carinho, uma visita, um simples alô. Eu tenho um "irmão" de igreja bem jovem, com 20 anos (hoje) que me contou que durante anos ouviu inúmeras pessoas subirem no altar e falar do amor, mas ninguém, mesmo sabendo da sua condição financeira, chegou perto dele nem pra saber o que poderia ser feito por ele. Ele me mostrou uma calça comprida dele (aqui ele tinha 18 anos), a que ele tava usando e puxou um pouco o tecido, e o tecido começou a se rasgar; quer dizer a calça tava muito velha. Claro que meu coração não suportou isso! Não sou bonzinho, não vivo querendo fazer boa ação, todo instante, mas consegui entender sua situação. Eu não precisava dizer: "Irmão, isso é uma provação, vá orar, resista! Irmão, creia em Deus, se tu tá assim é porque alguma coisa tu fizeste! Irmão, faça voto, vá no círculo de oração!" Precisaria Deus falar pra mim: "Jackson, doe algumas roupas para ele, procure ajudar seu irmão!", etc.? Tendo alguma condição, por menos que seja, de ajudar alguém minhas mãos não podem se mover? Aí depois se eu nada tivesse feito eu iria falar sobre o amor, sobre como é bom amar a Cristo, coisas assim. Mas procurei ajudá-lo dentro das minhas possibilidades.
Tem um asilo aqui em Cabedelo chamado Asilo do Amém. Claro que lá só tem velhinhos. Certo dia umas amigas minhas fizeram uma visita lá e colheram alguns depoimentos dos anciãos lá abrigados. Era pra um trabalho da universidade. Fiquei muito triste ao saber do quanto aqueles anciãos precisavam de ajuda financeira e espiritual, pois se sentiam muito sós, seus históricos de vida eram muito tristes. Só queria registar aqui como a sociedade é insensível, como ela gosta sempre de atribuir a responsabilidade por tudo aos outros. E na nossa velhice como chegaremos? Quem estará ao nosso lado? Fica tudo tão difícil quando a pessoa envelhece!
Toda culpa pela difícil situação do Brasil e do mundo é minha também. O que procuro fazer? Na hora de votar, vendo meu voto, ou escolho um candidato que parece que vai ganhar e aí voto nele pra não perder meu voto. Continuo crendo que todos são maus, filhos de Satã e nenhum presta, e nada faço para procurar pressionar as autoridades? Será que mesmo os governos nada fariam se houvesse uma insistência mais forte, constante e compromissada das pessoas? Se a resposta for sim eu nem duvido, o negócio tá feio mesmo, mas sempre acredito que a gente não deve perder a esperança!
Alguém pode nunca cometer nada errado, mas nunca consegue mover uma mão para ajudar ninguém; pra ele o outro não existe nesse sentido, o seu mundo interior é sua religião. Ele pode não fazer mal a ninguém, mas do mesmo modo ele não procura ajudar ninguém, não procura compreender ninguém. Porque pra ele a responsabilidade pela vida de outra pessoa é só dela e de mais ninguém!

Eu sou o meu deus
Meu deus sou eu mesmo

Minha religião sou eu mesmo
Minha bondade é não fazer mal a ninguém
Meu amor é não odiar ninguém
Minha vida é a ninguém matar

O outro é o outro, o outro, o outro

Tudo o que existe nasce primeiro em mim
Eu crio todas as coisas que me interessam
E desprezo todas as coisas que não me interessam
Eu sou o meu verbo
Sou o senhor da minha vida
Sou eu quem digo pra mim mesmo o que quero ouvir
Sou eu que trabalho e ponho o pão na minha mesa

Tudo que está fora de mim é o outro
E o outro é o outro, o outro , o outro

(Jackson Angelo)
 

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