Um diamante no meio da escuridão

Um olhar que ainda admira o nascer do sol
Uma mão que ainda se estende pra um toque amigo
Que ainda chama pra caminhar
Uma voz que ainda fala de amor
Das coisas mais comuns do dia a dia
Uma vontade maior que o mundo de conhecer cada vez mais intensamente
Uma cabeça onde o sonho ainda teima em estremecer o chão
Um jardim em que o perfume das rosas ainda vive no ar
Um olhar que ainda acredita nos mundos mais impossíveis
Um ser que ainda brinca de viver
E veste cada manhã com um novo sabor de alegria
Ainda chora sem mágoas, ainda não se fere tanto pra desejar magoar
Um diamante que ainda reluz no meio da escuridão

Sempre há monstros ao redor
Que vão minando os tesouros da simplicidade
Exércitos de zumbis perambulam pelas ruas
São pessoas capturadas pela morte e dor
O sangue sem calor suja as paisagens
Negra e sem vida fica a vestimenta dos céus
Aos poucos o sol perde seu calor
A agonia e o dissabor fazem mais um refém
O azul despencou do firmamento
As feridas molham ao chão, enxarcando-o de tristeza
Ao invés de flores, espinhentas ervas-daninhas
Lágrimas de aflição fazem nascer um novo ser
Carregado de velhices, corcunda, sem movimento
Perdido, viciado, tremulento, negativo

Há ainda um coração que ainda canta de paixão
Que ainda ergue sua voz para falar de amor
Que ainda crê e tem esperança
Ele vai tentando destruir bravamente o desespero
Ainda não perdeu sua visão sonhadora
Ainda não! Ainda não!
Ainda não se alistou na derrota de um exército ferido

(Jackson Angelo, em 25/04/2011)