Uma lua no céu de verão
Em vez da luz, só o escuro
O som do riso eclipsado pelo gemido do choro
Ao invés da alegria, desolação
Mumificadas, fossilizadas, clássicas deformações neuróticas de uma velhice que se esconde, que se condena, que se questiona, que se enche de estupidez e equilíbrio estragado
Contrastando com a pujança, inquebrantabilidade, leveza de uma juventude que se começa, que se descobre, que desafia a densa, multiforme normatividade
Liberdade! Cada um está livre pra escolher
Uma vida que se isola em um mapa de um lugar que já nem existe
Que nunca existiu mesmo
Outra vida que quer explorar os mares, as terras, os ares
E quer ver por cima o universo inteiro como quem olha a rua em cima de um prédio
Um livro feito de memórias que se escondem, se lamentam,
Memórias mentidas, falsificadas, desconectadas, azedas, fraudulentas, inibidas, pudicas, mesquinhas, desconfiadas, atormentadoras
Feito de páginas repetidas, sem espaço pra palavras, difícil do lápis escrever, ruim para passar a borracha
Um livro cuja leitura é péssima, que não dá prazer de ler
Fala muito, remonta muitos livros, se enche de conhecimento, contudo fica sem originalidade e não concorda com o que sempre defendeu
Ao lado de um livro ingênuo, simples, que vive sem medo de viver, de ser contestado, de não ser autêntico, sem querer acumular memórias, mas viver o que tem pra ser vivido, sem traumas, sem insônia, sem rigor do relógio, sem pressa, sem vagarosidade, sem planejamento, até inconsequente,
Com páginas macias, em que a borracha passa levemente sem deixar manchas,
Uma leitura divertida, sem stress, alegre, que se dorme abraçado
Liberdade! Cada um está livre pra escolher