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sexta-feira, 13 de abril de 2012



Uma lua no céu de verão
Em vez da luz, só o escuro
O som do riso eclipsado pelo gemido do choro
Ao invés da alegria, desolação

Mumificadas, fossilizadas, clássicas deformações neuróticas de uma velhice que se esconde, que se condena, que se questiona, que se enche de estupidez e equilíbrio estragado
Contrastando com a pujança, inquebrantabilidade, leveza de uma juventude que se começa, que se descobre, que desafia a densa, multiforme normatividade

Liberdade! Cada um está livre pra escolher

Uma vida que se isola em um mapa de um lugar que já nem existe
Que nunca existiu mesmo
Outra vida que quer explorar os mares, as terras, os ares
E quer ver por cima o universo inteiro como quem olha a rua em cima de um prédio

Um livro feito de memórias que se escondem, se lamentam,
Memórias mentidas, falsificadas, desconectadas, azedas, fraudulentas, inibidas, pudicas, mesquinhas, desconfiadas, atormentadoras
Feito de páginas repetidas, sem espaço pra palavras, difícil do lápis escrever, ruim para passar a borracha
Um livro cuja leitura é péssima, que não dá prazer de ler
Fala muito, remonta muitos livros, se enche de conhecimento, contudo fica sem originalidade e não concorda com o que sempre defendeu
Ao lado de um livro ingênuo, simples, que vive sem medo de viver, de ser contestado, de não ser autêntico, sem querer acumular memórias, mas viver o que tem pra ser vivido, sem traumas, sem insônia, sem rigor do relógio, sem pressa, sem vagarosidade, sem planejamento, até inconsequente,
Com páginas macias, em que a borracha passa levemente sem deixar manchas,
Uma leitura divertida, sem stress, alegre, que se dorme abraçado

Liberdade! Cada um está livre pra escolher

Meu tesouro

"Drip Castles", tela de Steve Hanks

Não foi aqui onde enterrei o meu tesouro
Não foi este o jardim que cultivei
Não é esta a música que escolhi pro dia
Nem é este o coração que sempre bateu no meu peito
Não é minha imagem essa que vejo no espelho
Não foi o olhar que eu pensei que teria
Esses olhos não são meus
Com vontade de devorar e destruir
Esta tristeza não é minha
Este enterro não é da minha vida
Nem foi esta bebida amarga que sonhei beber hoje
Nem são estes os versos que planejei pra agora

Os carros não andam rápidos como projetaram seus engenheiros
Os pássaros comem fezes e sangue, cospem pus, são hediondos
As frutas têm espinhos por dentro e cheiram mal

Não foi este o mundo da minha infância
O castelo que ergui tinha amor
Todos podiam entrar nele
Os sonhos maviosos da minha juventude não estão aqui
No meu dicionário tinha palavras bonitas
Fáceis de entender, fáceis de falar, fáceis de reinventar

Os carrinhos de brinquedo viraram tanques de guerra
As bonequinhas se vestiram de ódio, amargura e hipocrisia
Não foi aqui onde juntei ouro e prata

Nem será aqui o fim
 

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